Do primeiro teste de tradução, a gente nunca esquece…

 Prosseguindo com a novelinha…

No dia seguinte, como combinado pelo telefone, fui até a Editora Atlas, conversar com o assistente do diretor editorial, que me deu um teste de duas laudas, para fazer em casa.

Também me deu duas folhas de instruções, que lamento ter perdido por aí. Entre outras coisas, diziam que os nomes geográficos deveriam ser traduzidos para o português, quando possível. Dava com exemplo Sandwich Islands, que deveria ser traduzido por Ilhas Sanduíche.   

Explicava, também, o que a Editora Atlas entendia por lauda: uma folha de papel formato ofício (22 cm × 32 cm), datilografada de um lado só, com fonte paica em espaço duplo, 3 cm de margem superior e 2 cm para as outras margens.

Levei para casa, traduzi, revisei, passei a limpo tudo na minha possante Olivetti 44, (mecânica, de barras) e voltei à Atlas para entregar o teste. Note que essas idas e vindas eram todas pessoais e de ônibus, que a Internet só foi aberta aos mortais comuns vinte anos depois, em 1990.

Cheguei lá, o tal do assistente leu meu teste e me conduziu à presença do diretor editorial. Entregou meu teste ao diretor e disse que tinha gostado e que tinha encontrado só um erro: eu tinha traduzido substitute machines for men como substituir homens por máquinas, em vez de substituir máquinas por homens. O diretor editorial, que não sabia inglês, mas entendia de economia, disse que a minha tradução estava certa, o que me levou a explicar a velha e conhecida arapuca do substitute for, para vergonha do assistente.

Para encurtar a história, levei para casa um livro para traduzir. Um tal de Financial Statement Analysis, de John N. Meyer, que, em língua de gente, virou Análise das demonstrações financeiras. A gente ainda encontra na Estante Virtual, por R$11,99, alegadamente em bom estado.

Dos perrengues da tradução, trato no próximo capítulo, que já me estendi demais, hoje.

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