É só um proofreadingzinho

Tem aquela normazinha ISO 17100, que, em português virou NBR ISO 17100, sob os cuidados do nosso colega Ricardo Souza. 

Não vou aqui me meter a dissecar o raio da norma, mas vou me ater a algumas definições — em inglês e português — que há tempos causam confusão e problemas, às vezes por ignorância, outras vezes por esperteza. 

1. Tradutores traduzem (translate), quer dizer, passam de L1 a L2. Depois, conferem (check) sua tradução com o original, para ver se está tudo a contento. O pagamento da tradução cobre também a conferência. 

2. Uma segunda pessoa revisa (edits) a tradução. Nessa fase, o revisor (editor) tem à sua frente tanto original quanto tradução e compara ambos cuidadosamente. Para a maioria das agências, aí para o processo e a tradução é dada como pronta e enviada ao cliente. Quem revisa (edits) costuma ganhar por palavra cerca de 50% do que é pago a quem traduz. 

3. Quase nenhuma agência entra na terceira fase, que é a leitura de provas (proofreading), em que uma terceira pessoa lê a tradução em prova sem comparar com o original, para ver se passou algum erro de ortografia ou gramática O pagamento de revisão de provas (proofreading) geralmente é de 20% do pagamento da tradução. 

O diferencial de tarifas deriva do fato de que o profissional médio produz mais como leitor de provas do que como revisor e mais como revisor do que como tradutor. 

O resultado é — ou deveria ser — que, em uma hora de trabalho, o profissional ganha o mesmo, qualquer que seja a função que desempenhe. 

Muitos clientes, seja por ingenuidade, ignorância ou pura falta de vergonha na cara, se referem à fase dois, revisão (editing) como “proofreading”, mesmo em português, muitas vezes com o objetivo exclusivo de pagar menos. Entretanto, se você recebe o original, mesmo que seja “só para dar uma olhadinha”, é revisão (editing) e não “proofeading”.

Ficou um pouco comprido, mas achei melhor do que dividir em prestações. Espero que você goste.


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