Aventura: o dia em que revisei uma tradução para o inglês feita por uma tradutora inglesa
Esta é uma
história verdadeira. Por motivos óbvios, não posso citar nomes. Mas juro que é
verdade.
Uma
agência inglesa me telefonou (sim, a história, como todas que eu conto, é
antiga: era um telefone fixo) para pedir um serviço muito especial. Tratava-se
de um documento do governo brasileiro, que tinha sido escrito em português e
cuja tradução para o inglês, para publicação, não sei por que cargas d’água,
tinha sido encomendada à agência que era minha cliente.
Fiquei
surpreso: na Inglaterra, como em todos os países desse tal de primeiro mundo,
tradutores profissionais só traduzem para suas línguas maternas. Ou seja,
euzinho aqui só posso traduzir para o português, nunca para o inglês. Porque, por
mais que eu tivesse estudado inglês — e olha que não estudei pouco— mesmo meu
inglês escrito nunca vai perder o sotaque. Então, o que diabo queriam?
Simples:
eles tinham encomendado a tradução a uma profissional inglesa e queriam que
eu revisasse o serviço dela. Não o estilo, claro — porque ela era native speaker — mas queriam ter certeza de
que ela tinha entendido bem todas as filigranas do texto, que, como todo texto
oficial, dizia mais nas entrelinhas do que nas próprias linhas.
E não deu
outra: a tradutora, excelente e experiente profissional que era, tinha cometido
vários erros de interpretação num texto de pouco mais de duas mil palavras. Porque
português não era a língua nativa dela e, embora ela tivesse estudado muito
português, nunca ia entender o que estava nos desvãos do texto.
Dois dias
depois de eu ter entregado meus comentários, o PM me agradeceu, dizendo que
tinham sido todos aceitos pela tradutora.
Que legal prof Danilo, com certeza é fundamental ter o conhecimento nato do contexto!
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