Melhor gramática portuguesa para quem traduz


Qual é a melhor gramática portuguesa
para quem traduz?


A pessoa se toma de amores por uma língua estrangeira (nos tempos que correm, geralmente o inglês) — e estuda essa língua como se o mundo fosse acabar amanhã. Aprende regras de cuja existência os nativos nem desconfiam. Depois, um belo dia (sempre há “um belo dia”, eis o problema), cisma de fazer tradução. Aí, se dá conta de que seu português é pífio. Então, posta num grupo a pergunta “qual é a melhor gramática do português?” Tudo se passa, na cabeça dessa pessoa, como se houvesse um livro, uma obra maravilhosa, que matasse todas as suas dúvidas de português.

Ledo engano. Gramáticas são livros maravilhosos, mas nem resolvem nossos problemas nem foram projetadas para resolver. Tenho várias gramáticas em casa. Já tive mais, porque minha mulher, formada em letras, comprava gramáticas compulsivamente. Tive de me desfazer de muitas, porque minha biblioteca não cabia no apartamento onde moro hoje. Mas ainda tenho desde um pdf da excelente Gramática do Eduardo Carlos Pereira (publicada em 1909!) até as mais modernas.

Porém, na hora do aperto, não me ajudam muito. Não porque não sejam boas, porque muitas são muito boas, mas porque seu objetivo não é tirar do aperto tradutores atrapalhados: é expor a gramática portuguesa de forma ordenada. 

Quando me aperta o calo, busco alívio em outros lugares:

Ortografia

O VOLP  é a melhor ferramenta, além de ser grátis e oficial, mas o “Novo Guia Ortográfico”, do Celso Pedro Luft, tem informações preciosas que resumem e explicam a norma ortográfica. ATENÇÃO: a primeira edição de acordo com o AO90, que eu saiba, é a de 1996.

Regência

Todas as gramáticas falam em regência e tal, mas acho indispensáveis os dois dicionários de regência do Celso Pedro Luft: “Dicionário de Regência Verbal” e “Dicionário de Regência Nominal” (Ática). Neles, você encontra informações que não existem em gramática nenhuma.

Dicionários de dúvidas

  • Para outros tipos de dúvida, prefiro os dicionários de dúvidas, dos quais há vários na praça. Longe de mim dizer que conheço todos ou que todos são dignos de confiança, mas, mesmo assim, recomendo:
  •  “Dicionário de dúvidas da língua portuguesa” do Evanildo Bechara (Nova Fronteira–Lucerna). Novo, claro, fácil de usar. Normalmente, resolve todos os meus problemas. Se você pode comprar só um livro, compre esse;
  •  “Dicionário de dificuldades da língua portuguesa” do Domingos Paschoal Cegalla, (Nova Fronteira) conhecido, afetuosamente, por “Cegllinha”. Bem mais completo.
  •  “ABC da língua culta” de Celso Pedro Luft (Globo).
  •  Há, também, o clássico “Dicionário de Questões Vernáculas”, do Napoleão Mendes de Almeida, com várias edições por várias editoras.  Muito completo, porém por demais conservador e ranzinza.

A listinha acima está longe de ser completa: é só uma lista do que eu uso mais. A maioria desses livros só se encontra em sebo, mas vale a pena uma busca na Estante Virtual, para enriquecer sua biblioteca.

Gramáticas

Mas, se você quer mesmo, mesmo, mesmo, de verdade, comprar uma gramática, aconselho duas: a da dupla Celso Cunha & Lindley Cintra e a do Evanildo Bechara. Gosto de ambas, com leve preferência pela do Bechara.

Tem também a deliciosa Gramática Houaiss, da PubliFolha, que foi escrita pelo professor José Carlos de Azeredo, que enxerga a língua por um prisma diferente do habitual e que recomendo a todos os que leram uma ou mais gramáticas, acharam todas muito parecidas  e estão à procura de um olhar novo sobre a língua.

Divirta-se!



 

Comentários

  1. Olá Danilo. Obrigada pelas super dicas. Tenho as duas gramáticas : a do Celso Cunha e Lindsey Cintra e a do Bechara, essa em PDF. Estou sempre consultando ambas.
    Vou comprar o Dicionário de dúvidas, seguindo a sua dica preciosa!! Boa noite! 😘

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