Quanto devo cobrar por minha tradução?

Se você entrar num grupo de tradutores na Internet para perguntar quanto deve cobrar por um determinado serviço, há uma bela chance de alguém te recomendar a tabela do Sindicato Nacional dos Tradutores (SINTRA, para os íntimos). É muito interessante. Se você perguntar onde está a tal tabela, o tio Gugu não vai te apresentar tabela nenhuma, mas sim uma página chamada “Valores de referência”. 

Porque não existe tabela do SINTRA. 

Por isso, ninguém, nem agência nem cliente final, é obrigado a pagar aqueles preços e raramente você vai encontrar quem pague aqui no Brasil. Mas, se você investir dois minutos de sua vida em ler a Carta Aberta, do próprio SINTRA, que acompanha a lista de valores de referência, vai ver o seguinte: 

“A lista é somente uma referência; não uma tabela. Os valores da lista representam valores brutos, com impostos incluídos, ou seja, de trabalhos finalizados, revisados, e realizados por profissional sênior, não por iniciantes ou pessoas com dedicação eventual à área.”

..quer dizer, se você está pegando seu primeiro serviço e quer saber quanto cobrar, é melhor nem pensar em preços do SINTRA. Leia o brilhante texto preparado pelo meu amigo Jorge Rodrigues.

Os clientes diretos pessoa jurídica pagam mais do que as agências. Tranquilamente o dobro. 

Por outro lado, são mais exigentes no que tange à qualidade e normalmente vão querer nota fiscal com CPMF próprio – o que, em si, já é um outro problema. Já as pessoas físicas costumam achar que mesmo o pagamento oferecido pelo que o Jorge chama "sanguessuga" é um roubo. 

Se você conseguir, no seu primeiro trabalho, cobrar "preços SINTRA" você deve ter nascido em decúbito ventral. Não que seja impossível, mas é meio que difícil.


Comentários

  1. Eu usei esses valores de referência quando fui botar preço pra minha primeira agência. Primeiro, porque eu não tinha a menor ideia de quanto cobrar e como praticamente todo mundo me falava dessa tabela, achei que era a média praticada no ramo. Segundo, eu achava que minha tradução valia aquele tanto. Foi a primeira grande quebrada de cara que tive na carreira, e talvez a mais proveitosa, porque me impediu de ser como muitos iniciantes que pedem conselhos mais para que alguém valide seus pontos de vista/ideias/opiniões do que para realmente aprender alguma coisa.

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  2. Danilo, que grande prazer conhecê-lo!
    Muito obrigado não só por suas dicas, mas por seu espírito de cooperação. Coisa bonita de se ver entre os profissionais!
    Paz e bem, amigo!
    (smplopesbr@gmail.com)

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