Portas ferradas
Tragicomédia tradutória em três atos e um epílogo. Os nomes foram trocados, mas a história é autêntica. Antigamente, não tinha Internet: a gente ia ao escritório do cliente. Dá para imaginar? E toda tradução vinha em papel. Dá para imaginar? E, nas tabelas, para reduzir custos e abreviar prazos, a gente não digitava os números, só o texto. O “pool” de secretárias do cliente passava tudo a limpo, no papel timbrado deles, copiando os números do original. Às vezes, o original vinha manuscrito. Isso tudo para introduzir uma história de que até hoje dou risada. Fui entregar a um cliente um serviço pronto, mas com uma dúvida. Um item, em um demonstrativo, me escapava ao entendimento: “portas ferradas”. Que raio é uma porta ferrada? Levei o serviço ao cliente, uma firma de auditoria, e comecei minha via crucis pelo gerente encarregado do serviço. Ato I: Dramatis personae: Danilo Nogueira, Tradutor, Genésio Gerente, Gerente de auditoria. Cenário: sala de gerente de auditoria, ...