Não existe um caminho. Há vários, nenhum deles fácil, nenhum deles garantido e cada um de nós traçou e seguiu o seu. O caminho que você vai seguir, só você sabe qual vai ser. Nenhum deles é fácil. Você vai ouvir vários conselhos divergentes. Ouça todos, mas quem vai ter que traçar seu caminho é você. Não tem mágica, não tem receita do bolo, não tem caminho das pedras. Mostre respeito pela profissão e pelos colegas: ninguém ajuda principiantes mal educados. Traduzir não é moleza, não é coisa de “vou pegar uns trampo e descolar um dindim”. Saber muito bem duas línguas é só o sopé da montanha. É só o ponto de partida. Ai, você tem que aprender a traduzir, o que é outra conversa. Aliás, quando começar a traduzir, vai notar que sabe muito mal as duas línguas que achava que sabia muito bem. Mas esse é outro problema. Nem todo bom professor dá bom tradutor e vice-versa. Traduzir é uma coisa, ensinar é outra, por isso que uma atividade se chama “traduzir” e a outra chama “ensinar”. E vice-vers
Qual é a melhor gramática portuguesa para quem traduz? A pessoa se toma de amores por uma língua estrangeira (nos tempos que correm, geralmente o inglês) — e estuda essa língua como se o mundo fosse acabar amanhã. Aprende regras de cuja existência os nativos nem desconfiam. Depois, um belo dia (sempre há “um belo dia”, eis o problema), cisma de fazer tradução. Aí, se dá conta de que seu português é pífio. Então, posta num grupo a pergunta “qual é a melhor gramática do português?” Tudo se passa, na cabeça dessa pessoa, como se houvesse um livro, uma obra maravilhosa, que matasse todas as suas dúvidas de português. Ledo engano. Gramáticas são livros maravilhosos, mas nem resolvem nossos problemas nem foram projetadas para resolver. Tenho várias gramáticas em casa. Já tive mais, porque minha mulher, formada em letras, comprava gramáticas compulsivamente. Tive de me desfazer de muitas, porque minha biblioteca não cabia no apartamento onde moro hoje. Mas ainda tenho desde um pdf da excele
Esta é uma história verdadeira. Por motivos óbvios, não posso citar nomes. Mas juro que é verdade. Uma agência inglesa me telefonou (sim, a história, como todas que eu conto, é antiga: era um telefone fixo) para pedir um serviço muito especial. Tratava-se de um documento do governo brasileiro, que tinha sido escrito em português e cuja tradução para o inglês, para publicação, não sei por que cargas d’água, tinha sido encomendada à agência que era minha cliente. Fiquei surpreso: na Inglaterra, como em todos os países desse tal de primeiro mundo, tradutores profissionais só traduzem para suas línguas maternas. Ou seja, euzinho aqui só posso traduzir para o português, nunca para o inglês. Porque, por mais que eu tivesse estudado inglês — e olha que não estudei pouco— mesmo meu inglês escrito nunca vai perder o sotaque. Então, o que diabo queriam? Simples: eles tinham encomendado a tradução a uma profissional inglesa e queriam que eu revisasse o serviço dela. Não o estilo, claro — po
Danilo, agradeço o compartilhamento dos livros.
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