Os sete passos

Esta é a primeira das que devem ser as minhas muitas mensagens aos iniciantes e principiantes. Espero que você goste, volte aqui mais vezes, para ler as outras que espero escrever — e avise seus amigos e colegas.


A grande maioria dos tradutores trabalha por conta própria, quer como pessoa física, quer como pessoa jurídica.


Por um lado, é muito bom.


A gente trabalha em casa, com (ou sem) a roupa que quer, calçado ou descalço, não toma condução para ir trabalhar. Ouve a música que quer e, se não quer, não ouve música.


Por outro, não é nada bom.


Primeiro, tem a parentela insistindo que uma pessoa inteligente como você poderia muito bem arranjar um emprego de verdade, “com carteira assinada”. Tem também a turma que acha que, como você “não trabalha” está sempre livre para deus sabe o quê.


Segundo, tem o fato de que não ter um emprego “de carteira assinada” força você a assumir responsabilidades que muitos de nós não estão preparados para aceitar.

  1. Montar e administrar seu negócio. Quem é de letras tende a detestar administração e, mesmo quando não detesta, tende a ser péssimo administrador. Muitas vezes tem até desprezo pelo lado comercial da profissão.
  2. Vender o peixe. Um trabalho constante e insano. Dá até pena ver a turma que posta nos grupos de tradutores pedidos de “uma lista de agências que estejam contratando novatos” ou uma mensagem assim “Faço traduções de e para o inglês. Meu telefone é X”. …e acha que, desse jeito, vai se firmar na profissão.
  3. Cobrar e avaliar preços oferecidos.  A pessoa pergunta “quanto você cobra para me traduzir tal coisa” e a pessoa diz “preciso ver” e posta no FaceBook “quanto em média vocês estão cobrando por página?” Ou então, “me ofereceram X para traduzir um livro de umas duzentas páginas. Vale a pena?” Não pode. Tem que ter uma ideia de preço antes de se estabelecer. Quando o cliente pergunta “quanto”, tem que ter o “tanto” na ponta da língua. Não é fácil.
  4. Constituir uma reserva para aplainar a receita. Não só há meses bons e maus de serviço, mas também os pagamentos muitas vezes seguem um ritmo maluco e, justamente num mês cheio de serviço, você pode se ver com um fluxo de caixa péssimo. Se não tiver uma boa reserva, parcela cartão, entra no cheque especial tira empréstimo — e se ferra.
  5. Pagar convênio. Convênio custa caro, mas é indispensável. Quem está começando, acha que é jovem e não precisa. Precisa, sim! Você nunca sabe quando vai ficar doente. Ou seu cônjuge. Ou seus filhos.
  6. Recolher INSS. Você vai chegar à idade de se aposentar e vai se lamentar de não ter recolhido INSS desde os primeiros tempos.
  7. Pagar impostos. Se você não pagar, eles se amontoam e  procriam feito coelhos. No fim, você tem que pagar e é um inferno.  

Vou desenvolver esses 7 passos em sete postagens, à razão de aproximadamente uma por semana. Volte para ler e conte aos seus colegas.

Comentários

  1. Obrigada pelas dicas. Estão me ajudando. Vou continuar acessando para ler.

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